sexta-feira, 14 de maio de 2010

A INVENÇÃO DO DORÍMETRO E FIM DA HISTÓRIA Em pleno 13 de Maio, em memória das vítimas da violência institucional e em homenagem a mais um negro humilhado pela PM na velha São Paulo.




Salloma salomão Jovino da Silva

Alguém certa vez, me perguntou sobre a dor, se não uma questão apenas de ponto de vista!? Essa noção absoluta de relatividade deve explicar um fato recente que surgiu na mídia. No primeiro momento pareceu tratar-se de uma fábula borgiana. Permitam-me contar...

Há tempos que uma equipe de renomados pesquisadores esta montando um aparelho que possa medir a dor. Inclusive já divulgaram que o tal equipamento será capaz de fazê-lo em caráter histórico e retroativo. Um chefe do laboratório deu uma entrevista muito esclarecedora para um famoso jornalista honesto, sustentando que quando o tal aparelho chamado “Dorímetro” estiver funcionando, vai ter fim esse papo de cota, reparação, escravidão, holocausto ou denúncia vazia de genocídio.

Segundo o Doutor Oto Krakauer, responsável pelas pesquisas, a partir de agora vai bastar medir a dor de cada pessoa, de cada nação, de cada civilização e comparar com outras amostras, para saber se “certas reivindicações” de reparação, justiça e equidade têm realmente fundamento ou não.

O objetivo principal daquele que já é considerado “o invento do século” é justamente a economia de tempo e papel que propiciará. O proeminente intelectual que é ao mesmo tempo o proprietário da empresa que fabricará o equipamento argumenta que “muito dinheiro será economizado em psicanalista, em pesquisa antropológica, arqueológica, filosófica e histórica." Sua ênfase recai principalmente nas duas últimas que, segundo o genial pesquisador, “nada produzem de útil mesmo”.

Observadores mais atentos dizem que no Brasil mundo acadêmico e científico está em verdadeira polvorosa. Corre a boca pequena que em alguns centros de pesquisa, especialmente em países em “vias de desenvolvimento” está em curso uma verdadeira corrida maluca em busca de aposentadoria, assim como das últimas bolsas de estudo disponíveis para essa área denominada Ciências Humanas.

Renomados cientistas sociais já se anteciparam e mandaram seus Currículos Lattes, com as devidas cartas de recomendações às ONGs de Empresas como Camargo Correia, Odebrecht, Banco Itaú, Unibanco, Andrade Gutiérrez, Natura, etc. Sob o risco de perder as verbas de pesquisa preferem vender seu requintado trabalho a quem pagar alguma do que, ter de lutar por uma maior democratização do ensino superior.

Mantendo o anonimato fala-se que estão pesarosos e dizendo adeus aos longos seminários internacionais as custa dos cofres público, aqueles pesquisadores que já conseguiram manter algum prestígio ou privilégio, obter ascensão ou lucro com monografias, dissertações ou teses, com questões que desafiam a compreensão do surgimento e desenvolvimento de certa humanidade. Nunca mais será possível um único centavo, para eternas elucubrações sobre colonialismo, imperialismo, hegemonia, escravismo, essencialismo, fenomenologia, existencialismo, revivalismo, religiosidade, cultura, civilização e outros tantos temas. Toda a economia de dinheiro que o uso do “Dorímetro” deverá ser redirecionada para pesquisas sobre as variantes das cefaléias e produção de novos medicamentos pra o cancro-mole.

Enquanto o invento não vem, vamos assistindo a dor ao lado, a dor alheira, nos corrompendo pela dor silenciosa das pequenas e imperceptíveis gentes, dorzinha gostosamente imensurável. A melhor dor é a nossa, porque é dor mesquinha e intransferível. É dor extremamente pessoal, de foro íntimo, ínfimo.

Essa dorzinha individualista não pode rimar com as músicas ritmadas que se espalharam pelas margens do Atlântico. Certamente o gemido dos torturados pelos americanos e ingleses não pode rimar com o soul de James Brown, é certo que não rima. Não podem rimar com cor tão branca e a voz tão negra do Rithm and blues de forte Amy Winehouse. Rajada de metralhadora não é rufo de caixa da bateria, bumbo não é bazuca, baqueta não é bala. Nossa vingança adormecida é resultado dessa dor. Ela resume-se na certeza de que quem atira mata, mas quem mata, mesmo inocentemente morre um pouco também.

Vimos pela internet em tempo real que os corpos despedaçados no Sudão e Nigéria, Kossovo e Bagdá depois de apresentados on-line, ficam meio escondidos em um ponto neutro da tela de LCD, permanecem lá por semanas aparentemente intacto, mas não sentimos o cheiro. Não sentimos o também parte de nós nos corpos que boiaram no Mississipi, nem na pólvora gasta com moradores de rua na zona norte de São Paulo. Não sentimos nada, nem mesmos a ação do tempo, nem do refluir da História. Somos mortos-vivos poderosos, cujos funerais têm que ser refeito todos os dias.

Muitos como eu adoram ver os roqueiros velhos, ver os cabelos brancos e as pelancas de homens vitoriosos cheios de medalhas e prestígio comprado na indústria de cosméticos. Com o passar do tempo virilidade torna-se apenas jogo de cena, só há sensualidade na língua, no farfalhar das notas verdes e no brilho das medalhas. Minha conclusão é que o envelhecimento humaniza, mas não salva, a morte ridiculariza e somente a dor é esclarecedora. Por tudo isso e, até que o Dorímetro seja colocado em funcionamento, devemos incentivar os jovens de ambos os sexos para que memorizem o maior numero possível de datas e nomes de lugares e pessoas.

Salloma Salomão Jovino da Silva é Doutor em História pela PUC-SP e Professor de História da África e Cultura Afro- Brasileira da F.S.A.

Retirado do blog http://sergiospires.blogspot.com/

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Palestra Polifonias Negras na África e na Diáspora





No dia 18 de maio ocorrerá na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC a palestra Polifonias Negras na África e na Diáspora. Os palestrantes convidados são o Professor Doutor Salomão Jovino da Silva da Fundação Santo André e o Professor Doutor Júlio Moracen Naranjo da UNIFESP.


O evento é organizado pelo CECAFRO (Centro de Estudos da África e da Diáspora) – PUC-SP.

Local: PUC-SP – Sala T-47 – Prédio Velho.

Horário: 19h30

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Novo professor da disciplina de História Africana






Depois de tantas idas e vindas o curso de História da Fundação Santo André contratou um professor especialista em África. O novo professor da disciplina História e Cultura Afro-brasileira e Africana é o professor Salomão Jovino da Silva.

Graduado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC, com mestrado e doutorado pela mesma universidade. Tem experiência em pesquisa e ensino na área de História, com ênfase em História do Brasil Império, atuando principalmente nos seguintes temas: Práticas culturais negras nos séculos XIX e XX, identidades étnicas, movimentos negros urbanos. Atua como consultor em projetos de formação coninuada de professores para instituições públicas e privadas em temáticas das Relações étnico-raciais, História e Culturas Africanas e Afro- Brasileira. Além de trabalhar com atividades musicais.

Cantor afro-mineiro e novo professor da Fundação Santo André, Salloma Sallomão, ingressa nesta universidade recebendo as boas vindas de toda a comunidade acadêmica.

Para conhecer melhor o professor Salomão Jovino, segue o link da canção Kalunga-Lagrimas de Sal. Gravado na Casa de Cult. Butantã SP, meados do ano de 2009.


Mini-cursos para os alunos de História da FSA





O curso de História da Fundação Santo André está promovendo dois mini-cursos para os alunos de História.

LEITURA E TRANSCRIÇÃO DE DOCUMENTOS MODERNOS

Responsável e ministrante: Profª Dr. Clarice Assalim
Carga horária total: 16 horas
Carga horária semanal: 02 horas
Dia da semana: Sextas – das 17h00min às 19h00min
Calendário: 1º semestre de 2010

09/04; 16/04; 23/04; 30/04;
07/05; 14/05; 21/05; 28/05

Conteúdo:

1. Conceitos básicos:
1.1. Filologia
1.2. Paleografia
1.3. Codicologia
1.4. Diplomática
2. Divisão da escrita latina
2.1. Paleografia antiga
2.2. Paleografia medieval
2.3. Paleografia moderna
3. Tipologia gráfica da escrita moderna
3.1. Séculos XIX e XVIII
3.2. Século XVII
3.3. Século XVI
4. Considerações gerais sobre os caracteres gráficos
4.1. Forma
4.2. Ângulo
4.3. Módulo
4.4. Ductus
4.5. Peso
5. Abreviaturas e sinais abreviativos
6. Números e numeração
7. Edição de documentos
7.1. Diplomática
7.2. Semidiplomática
7.3. Paleográfica
7.4. Crítica
8. Normas para Transcrição de Documentos Manuscritos para a História do Português do Brasil

Bibliografia:
ACIOLI, Vera L. C. A Escrita no Brasil Colônia. 2.ed., Recife: Fundação Joaquim Nabuco/Massangana, 2003.
CORTÊS ALONSO, V. La escritura y lo escrito: Paleografia y diplomática de España y América en los siglos XVI y XVII. Madrid, Instituto de Cooperación Iberoamericana, 1986.
FERREIRA, Aurélio B. de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975
FLEXOR, M. H. O. Abreviaturas: manuscritos dos séculos XVI ao XIX. 2.ed., SP: Arquivo do Estado, 1990
MALLON, G. Paléographie romaine, Madrid, 1952.
SPINA, Segismundo. Introdução à Edótica. São Paulo: EDUSP, 1984.

OFICINA DE REDAÇÃO: LEITURA E ESCRITA DE TEXTO

Responsável e ministrante: Profº Dr. Juarez Donizete Ambires
Carga horária total: 20 horas
Carga horária semanal: 02 horas
Dia da semana Sábado: das 9h30min às 11h30min
Calendário 1º semestre de 2010

27/03; 17/04; 24/04; 08/05; 15/05;
22/05; 29/05; 12/06; 19/06; 26/06.

Ementa: Leitura e interpretação de texto. Leitura e escrita de texto. A composição do texto argumentativo.

Objetivos: Desenvolver com os alunos exercícios de leitura e interpretação de texto. Observar com os participantes o “conceito de texto” e as partes que o compõem. Firmar as noções de parágrafo (tópico frasal); frase e orações simples e complexas (períodos simples e compostos).

Procedimento didático: As aulas serão expositivas; o professor, no desenvolvimento do trabalho, lançará mão de textos e transparências; caberão aos participantes o comparecimento às aulas e a feitura dos exercícios propostos; quando o exercício for produção de texto, o professor dará correção individual a cada um deles e mostrará alguns em transparências para apreciação conjunta.

Bibliografia:
 ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. 1ed. São Paulo: Ática, 1990.
CITTELLI, Adílson. O texto argumentativo. 1ed. São Paulo: Ática, 1994. GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 8ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1980.
KOCH, Ingedore Vilaça. A coesão textual. 5ed. São Paulo: Contexto, 1992.
KOCH, Ingedore Vilaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. 3ed. São Paulo: Contexto, 1991.
MOYSÉS, Carlos Alberto. Língua Portuguesa. Atividades de leitura e produção de texto. 2ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
OTÍLIA, Maria e ELENA, Maria. Para escrever bem. 1ed. São Paulo: Manole, 2002.

sábado, 20 de março de 2010

Edital Externo para especialista em História da África




 

No ano de 2009 ocorreu um intenso debate entre os estudantes e os professores (a) do curso de História da Fundação Santo André sobre a importância da contratação de um professor(a) especialista em África, embasado na aplicação da Lei 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, luta esta travada desde 2005. Esta seria uma vitória importantíssima. Para alcançarmos este patamar seriam necessários alguns passos até a abertura de um edital externo.

No dia 17 de março de 2010 uma vitória ocorreu, foi aberto o edital externo para contratação de um professor (a) para a disciplina “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”

A Fundação será a grande pioneira neste quesito no grande ABC, proporcionando uma visibilidade maior para a Fundação Santo André e para o Curso de História.

Falar sobre África é falar sobre o Brasil, parafraseando Luis Felipe de Alencastro, sem o Brasil não existiria a África e sem a África não existiria o Brasil. Conexões, redes, intercâmbios entre estes dois países sintetizam a formação do Brasil Contemporâneo.

As inscrições para a contratação de um professor (a) “africanista” ficará aberta até o dia 23 de março no Centro Universitário Fundação Santo André que fica na Avenida Príncipe de Gales, 821, Santo André, São Paulo. O horário para inscrições é das 10h00 às 11h30, das 13h às 15h30 e das 18h30 às 20h30.

Mais informações pelo site: www.fsa.br

quarta-feira, 17 de março de 2010

Grupo de Trabalho "História, Cinema e Práxis"



No dia 13 de março o Grupo História Cinema e Práxis promoveu na FAFIL (Faculdade de Filosofia e Letras) da Fundação Santo André o evento “Uma interpretação a relação entre História e Cinema”. Partindo de trechos de filmes, o grupo fez um balanceamento de como o cinema interage com a história e vice-versa.

O cinema como objeto de estudo nos dias atuais se admite que a imagem não ilustra nem reproduz a realidade, ela é construída a partir de um dado contexto histórico. O papel do historiador consiste em fazer uma série de indagações além do documento visual, ele deve educar seu olhar para analisar, ler as imagens. O uso do cinematográfico como objeto de estudo ganhou força com a renovação historiográfica francesa denominada “nova história” que discutia a utilização de novos objetos e novos métodos de estudo, possibilitando, uma ampliação qualitativa e quantitativa dos domínios da História.

O Grupo História Cinema e Práxis é uma iniciativa dos alunos do Curso de História da Fundação Santo André. O grupo parte de três víeis: O teórico, o prático e a exibição, na busca de resultados acadêmicos e profissionais. Além de ser um grupo de trabalho, que se reúne periodicamente para discussão de textos com enfoque em cinema, também organiza curtas e documentários e integram a organização do evento “Já viu esse filme?”, no qual mensalmente é exibido um filme com a temática do mês.

Os encontros do grupo História Cinema e Práxis acontecem no Laboratório de Ensino e Pesquisa em História e são abertos a todos os interessados.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Palestra do Cubano Julio Moracen no Jornal Repórter Diário






O Jornal Repórter Diário do Grande ABC publicou no dia 25/02/2010 a reportagem sobre a palestra do cubano Julio Moracen Naranjo na Fundação Santo André.

Ler matéria abaixo:

EDUCAÇÃO

25/02/2010

Antropólogo cubano debate o Haiti na Fundação Santo André

Da Redação

O antropólogo cubano Julio Moracen Naranjo estará na Fundação Santo André nesta sexta-feira (26/02), quando ministrará a palestra Memórias do Haiti: a árvore da liberdade.

No encontro, Naranjo abordará a história do Haiti e de seu povo, bem como a luta contra as adversidades externas e internas, a identidade cultural na liberdade e suas incertezas no mundo capitalista contemporâneo.

A palestra é aberta a toda comunidade e acontecerá no auditório da Fafil (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras) às19h30. A Fundação Santo André fica na avenida Príncipe de Gales, 821, Santo André.

Mais informações pelo telefone 4971-3406.


http://www.reporterdiario.com.br/site/noticia.php?id=176253&secao=14